PEDRA FILOSOFAL

terça-feira, 3 de novembro de 2009




Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul

Eles não sabem que sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista

Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança

Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim

Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora

Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança

Manuel Freire
Composição: António Gedeão




Manuel Freire cantor de grandes poetas e canções de intervenção antes e depois do 25 de Abril ( revolução dos cravos). Os vídeo também contem a letra do poema, mas mesmo assim vou manter o poema para uma melhor apreciação.



3 comentários:

Norma Villares disse...

Manuel Freire é realmente cantor de grandes poetas. Que coisa linda essa música acompanhada po uma orquestra ficou belíssima.
Bom gosto, amigo.
Eu gosto muito de Manuel Freire, tenho 2 Cds dele.
Um grande abraço

Unknown disse...

"Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento"

Nossa, é a melhor difinição que li. Adoro esse bichinho.

Clara disse...

Que linda poesia e música. Gostei, conheço Manuel Freire.
Abr

 
Design by: Searchopedia convertido para o Blogger por TNB