JUÍZES EM CAUSA PRÓPRIA

domingo, 22 de novembro de 2009




Discretamente, o instrutor elucidou-nos.
- Estamos a presenciar uma cerimónia semanal dos juízes implacáveis que aqui têm a sua sede. A operação de selecção dos vários tipos de sofredores criminosos que aqui vemos às centenas realiza-se com base nas irradiações da aura de cada um. Os guardas que estamos a ver actuar são técnicos especializados na identificação dos males de cada um, através das cores que caracterizam as auras dessas almas ignorantes, perversas ou desequilibradas. A decisão tem de fazer-se previamente, para facilitar o posterior trabalho dos juízes.
( … )
- Mas, por que motivo – perguntei num sussurro – confere o senhor atribuições de julgamento de espíritos despóticos? Porque estará a justiça, nesta cidade estranha em mãos de príncipes diabólicos?
O instrutor respondeu:
- Vê as coisa de outra maneira: Quem se atreveria a nomear um anjo de amor para exercer o papel de carrasco? – E acrescentou: - Além disso, aqui, como na Crosta, cada posição é ocupada por aquele que a deseja e procura.
Vagueei o olhar em redor e confrangeu-se-me a alma. Na comunidade das vítimas, arrebanhadas aos magotes, como se fossem animais raros para uma festa, predominavam a humildade e a aflição. Mas, entre as sentinelas, a peçonha da ironia transbordava. Ouviam-se palavrões. À frente a vasta tribuna, ainda vazia, e sob as galerias laterais apinhadas de povo, amontoava-se uma multidão compacta, irreverente.
Decorreram alguns minutos, quando uma vozearia se fez ouvir:
- Os magistrados! Os magistrados! Lugar, lugar para os sacerdotes da justiça!
Funcionários rigorosamente trajados à moda dos lictores da Roma antiga, carregando aos ombros a simbólica machadinha ( fasces ), avançam, ladeados por servidores que sobraçavam grandes tochas, a clarear-lhes o caminho. Penetraram no átrio em passos ritmados e, depois deles, sete andores, sustentados por dignitários diversos daquela corte brutalizada, traziam os juízes pomposamente ataviados.
Que solenidade religiosa era aquela? As poltronas suspensas eram em tudo idênticas á sédia gestatória das cerimónias papais.
(…) Tambores variados rufaram, como se estivéssemos numa parada militar em grande estilo, e uma composição semi-selvagem acompanhou-lhes o ritmo. Terminado aquele ruído, um dos julgadores levantou-se e dirigiu-se ás massas, aproximadamente nestes termos:
- Nem lágrimas nem lamentos. Nem sentença condenatória, nem absolvição gratuita. Esta casa não pune nem recompensa. Entre criminosos, é escusado qualquer recurso à compaixão. Aqui, não somos distribuidores de sofrimento, mas sim agentes do Governo do Mundo. A nossa função é seleccionar delinquentes, a fim de que as penas lavradas, não por nós, mas pela própria vontade de cada um, sejam devidamente aplicadas em lugar e tempo justos. (…) Seguidores do vício e do crime, temei! Condenados por vós mesmos, conservai a mente prisioneiras das mais baixas forma de vida, à maneira de batráquios encarcerados no visco de um pântano durante séculos.
(…) A multidão seguia aquelas palavras, de olhos esgazeados pelo pavor.
O juiz, por sua vez, não aparentava o menor resquício de misericórdia e mostrava-se apenas interessado em criar um ambiente negativo, criando nos ouvintes um temor angustioso.
- Amaldiçoados sejam pelo Governo do Mundo os que nos desrespeitarem as deliberações, baseadas, aliás, nos arquivos mentais de cada um.
E incidindo toda a força magnética que lhe era peculiar, através das mãos, sobre uma pobre mulher que o fixava, estarrecida, ordenou-lhe, com voz soturna:
- Vem!, vem!
Como uma sonâmbula, a infeliz obedeceu à ordem e foi colocar-se em baixo da tribuna, sob a influência directa da radiação dele.
- Confessa!, confessa! – Determinou o desapiedado julgador, conhecendo a fragilidade da mulher.
A desventurada bateu no peito, como se rezasse uma (mea culpa), e gritou, em lágrimas:
- Perdoai-me, perdoai-me!, ó Deus meu!
E, como se estivesse sob a acção de uma droga misteriosa que a obrigasse a desvendar o seu íntimo, falou, com voz alta e pousada:
- Matei quatro filhinhos inocentes e combinei o assassínio do meu intolerável marido… Mas o crime é um monstro vivo. Perseguiu-me enquanto estive viva. Quis fugir-lhe através de todos os recursos, mas foi em vão. Por mais que tentasse afogar o meu infortúnio em bebidas e prazer, mais me atolei no charco de mim mesma…
De repente, assediada por lembranças antigas, gritou:
- Quero vinho, vinho! Prazer!...
Em vigorosa demonstração de poder, o magistrado afirmou, triunfante:
- Como libertar semelhante fera humana, só porque pede perdão e solta lágrimas?
E, fixando sobre ela o seu temível olhar, asseverou, peremptório:
- A sentença foi lavrada por ti mesma! Não passa de uma loba, de uma loba, de uma loba…
E, à medida que repetia a afirmação, como se procurasse persuadi-la a sentir-se na condição desse animal, notei que a mulher, profundamente sugestionada, modificava a sua expressão fisionómica: entortou-se-lhe a boca, a testa abaulou-se para a frente, os olhos alteraram-se-lhes nas orbitas e uma expressão simiesca revestiu-lhe o rosto.
Via-se patente, naquela exibição de poder hipnótico, o efeito da ideoplastia sobre o corpo astral daquela criatura.
Pergunte:
- Esta irmã infortunada permanecerá doravante em tal aviltamento de forma?
Depois de uma pausa, o nosso instrutor disse, com tristeza:
- Ela não passaria por uma humilhação destas se não o merecesse…Mas, vejamos as coisas de modo positivo: se ela se afeiçoou docilmente às energias negativas do juiz cruel em cujas mãos caiu, poderá também vir a esforçar-se intimamente por se afeiçoar à influenciaçao positiva dos benfeitores que nunca faltam por aí, em busca dos arrependidos de coração sincero. Tudo se resume á sintonia. Onde colocamos o nosso pensamento, colocamos a nossa vida.

Extraído do livro do escritor EMANUEL SÁSKYA


Este texto é uma ficção, deve ser lido como tal.
Não reporta factos e ou situações vividas ou reais, não é um relato verdadeiro, nem falso, mas que me leva a muitas reflexões, para de certa forma olhar a vida de uma forma mais consciente e da responsabilidade e o papel que cada um de nós está a executar e ou executou.
A crueldade do texto é por demais evidente, mas se nos consciencializarmos daquilo que dizemos e até queremos no dia a dai, e aquilo que realmente fazemos, podemos encontrar a sintonia de quem realmente somos, derrubando as barreiras de tudo que não queremos ( ou queremos ), ninguém esta certo, ninguém esta errado… Estamos como queremos e como fizemos por merecer.


O RIO E O MAR

domingo, 15 de novembro de 2009





Todo o rio anseia por chegar ao mar para se fundir com ele, para ser também o mar, igualmente, toda a alma anseia por chega á luz para se fundir com ela e ser também a luz.
Deveis ser um rio de águas limpas e transparentes que, na sua caminhada para o grande mar de luz, vai alimentando os peixes e estes as aves marinhas e outros peixes maiores; que vai banhando as margens, fazendo com que as flores cresçam, para que as abelhas retirem o seu pólen e façam o mel; que vai fazendo com que as arvores se elevem e dêem frutos saborosos que alimentam os pássaros e os homens.
Sede realmente um verdadeiro rio de luz que, na sua caminhada, alimenta as almas famintas da humanidade. Assim, só assim – podereis crescer até que, um dia, sejais também um grande mar luminoso. Hoje o vosso rio é sujo e lamacento, pois vós o sujais com entulho de vossos desejos, rancores, ódios, invejas, ganâncias e maledicências acerca dos outros; por isso, os vossos rios estão moribundos, sem vida real. No entanto, todo o verdadeiro discípulo se esforça por ser um mestre – que é um grande rio de luz.
O mar é constituído de muitos rios, como os rios são constituídos de muitas gotas de agua; assim, na gota encontra-se a essência do mar, como no mar se encontra a própria gota, visto que ela sai do mar e, fatalmente, terá um dia de voltar às suas verdadeiras origens. Em vós esta a essência de luz, que vem do Grande Uno e a ele terá de regressar. Para isso tendes, porem, que limpar o vosso rio e não atirar mais pedras e lixo para dentro dele.
Quando lançais pedras para o rio dos outros, elas infalivelmente cairão no vosso próprio rio. Quando julgais ver o lixo dos outros, na realidade o que estais a ver é o vosso próprio lixo. Geralmente a orgulhosa personalidade humana não consegue ter a grandeza e a humildade interior de reconhecer o próprio lixo. Contudo o verdadeiro discípulo trabalha constantemente para purificar o seu « rio interior », pois sabe que só chegará ao Grande Mar e só conseguirá fundir-se com Ele se for completamente puro e humilde.
Deveis deixar correr, do chacra cardíaco, o vosso rio de amor puro, sincero e que nada espera em troca, tal como o rio e o mar se entregam, se doam, sem nada esperarem de retorno. Quem já se encontra na senda da luz tem que ser transparente como o rio de aguas puras – humilde como ele, mas forte como o mar.
Que o vosso « mar interior » seja puro, limpo, transparente e sereno, para que no seu horizonte possa nascer o novo sol espiritual; assim de vós sairá o « alimento místico » que saciará outras vidas e a vossa alma será como um sol que iluminará as trevas e as diluirá, guiando os caminhos escuros dos vossos irmãos.
Esperemos igualmente que hoje sejais uma « gota de luz » no rio do vosso mestre, para que amanhã vós sejais o rio do vosso mestre o mar e, mais tarde, vós sejais o mar e o mestre o sol, para, deste modo, todos chegarem á grande unidade na essência divina.
O discípulo e o mestre não são mais que do que uma gota no grande rio cósmico; este, por sua vez, também anseia por se fundir com o grande mar cósmico e ainda este nada mais é do que uma pequena gota de outro mar ainda maior. A verdadeira vida não tem fim e nunca teve principio.
Vós sois o rio e o mar na pequenez e na grandeza do vosso universo interno.

CONFUCIO


PINTURA

domingo, 8 de novembro de 2009





Não sou pintor, não sou filosofo nem tão pouco poeta, sou apreciador das artes e gosto de espalhar tintas nas telas, o resultado pouco me importa, o que me importa é o prazer que as coisa me dão, sem arrogância mas também sem complexos vou postar um dos resultados desses momentos de prazer


A UNIFICAÇAO

quinta-feira, 5 de novembro de 2009




O cosmos pulsa, a terra vibra…
Assim se vão passando, no desconhecimento da maioria da humanidade, acontecimentos presentes, passados e futuros cuja cadência tem muito a ver com o respirar dos Logos dos diversos Sistemas, Universos e para alem deles.
Podeis sentir pulsar o UNO ?
A unificação é uma das vias – na actual fase da espiral evolutiva da Terra – para o conseguir. Mas afinal, de que unificação falamos ?
A unificação é a vivência – vivência no sentido da ultrapassagem das diferenças que, verdadeiramente só existe no reino das aparências.
A unificação é uma meta. Tudo caminha para o Grande Uno.
A unificação é uma das exteriorizações do 3º raio. De facto a unificação também implica previamente, actividade. Só quando não existe unificação … se pode falar de unificação. Então, sob o prisma do 4º reino ( o reino humano ), tem que haver uma manifestação – activa e amorosa – cuja meta é, precisamente, a unificação. Não é por acaso que servidores especialmente ligados ao 3º raio têm uma particular responsabilidade no que respeita à unificação. Importante será que, cada vez mais, consigam vivenciar no dia-a-dia, hora a hora, minuto a minuto, algo que se vá aproximando do sentido arquetípico da unificação.
Como será possível aspirar à unificação dos outros, se nós próprios não vivemos a unificação ? E se nem sequer compreendemos o que é unificação ?
A unificação proporciona um estado que permite o desenvolvimento de outros atributos como o reconhecimento do Belo, a transmutação do Conhecimento, a Reunião religiosa ( diríamos antes, a conquista da sabedoria ) e a penetração no Ritmo do Cosmos.


ROUENA

PEDRA FILOSOFAL

terça-feira, 3 de novembro de 2009




Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul

Eles não sabem que sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista

Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança

Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim

Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora

Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança

Manuel Freire
Composição: António Gedeão




Manuel Freire cantor de grandes poetas e canções de intervenção antes e depois do 25 de Abril ( revolução dos cravos). Os vídeo também contem a letra do poema, mas mesmo assim vou manter o poema para uma melhor apreciação.



 
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